segunda-feira, 28 de abril de 2008

'you are so beautiful'

estou sentada no sofá. o dia de amanhã está terrivelmente próximo. a verdade é que, ainda que não sinta qualquer alteração dentro de mim, ansiedade, tristeza, irritação, nervosismo, sei que não estou calma. não estou calma. ou estarei demasiado calma? quer dizer... agora que escrevo estas letras, que formo estas palavras e que as leio... nem sei. às vezes as coisas não têm sentido, mas agora teria sentido estar nervosa, ansiosa, preocupada. mas nem sei... só consigo sentir...
(e é aí que desisto destas palavras, de dizer o que quer que seja. é aí que carrego no botão do publicar postagem e vejo estas palavras passarem do temporário ao definitivo... se ao menos tudo fosse como naquela canção...)

domingo, 27 de abril de 2008

'last goodbye'

abri a janela. não sei se sinto frio, se sinto calor, o que é que sinto. não sei se simplesmente deixei de sentir ou se é esse o meu intento. é que deixar de sentir torna as coisas mais fáceis, mais simples... mas também as torna mais sem intensidade, sem grandeza, sem memória.
vou alternando o olhar entre a televisão, o ecran do computador, a folha verde que permanece impávida ao meu lado, o telemóvel quietinho, a garrafa de frize limão que ficou vazia (será que ainda permanece a sede?), o trabalho por fazer. pergunto-me se será que sabemos sempre o que fazer. será que sabemos sempre o que fazer? ou o que dizer?
volto a olhar a janela. lá fora, as estrelas, as luzes, o barulho dos carros que passa na estrada ali perto. lá de fora vem uma brisa que me faz arrepiar e que me faz sentir frio para, logo a seguir sentir calor... a verdade é que não sei o que fazer... como este põe casaco, tira casaco, volta a pôr casaco. desanimo. não foi a melhor forma de começar a semana... e que semana!!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

'o jogo'

acordo de manhã. os olhos ainda cansados. o relógio marca meio dia, mas para mim é demasiado cedo depois do dia de ontem... é estranho acordar depois de uma noitada. parece que o corpo ainda não ficou habituado a estar quietinho e quer ainda andar de um lado para o outro, ao som de uma música inexistente. depois estico os braços, faço uma qualquer ginástica imperceptível para fazer mexer os músculos, os ossos, os dedos, a pele e fazer com que tudo volte ao normal.
depois, fecho os olhos, dou meia volta e digo a mim mesma que só preciso de mais cinco minutos a dormir. ou melhor, preciso de mais uma eternidade a dormir, que é para ver se finalmente as olheiras desaparecem, as ideias malucas desaparecem, os sonhos se evaporam e eu esqueço os meus problemas (quaisquer que eles sejam) e os dos outros. mas depois vêm chamar-me e eu não consigo gozar esses cinco minutos, esses cinco preciosos minutos. quer dizer... qual seria realmente o efeito de cinco minutos a mais? nenhum, obviamente. pois, está claro!
levanto-me e vou-me arrastando pela casa como se de repente me tivesse tornado uma verdadeira zombie. depois tenho a noção da minha ridícula figura e não consigo deixar de abanar a cabeça... existem lá coisas!!!!! depois sinto vontade de sair... lá fora está um sol esplendoroso a convidar para sair... é aí que tomo um banho, visto uma roupa como se fosse verão, calço umas sandálias e... ala que se faz tarde...

terça-feira, 22 de abril de 2008

'black mirror'

fui a um funeral. particularmente não gosto de ir a funerais. nem mesmo quando são desconhecidos os que desaparecem. fazem-me lembrar os funerais que ficaram marcados na minha memória e que, por mais que eu queira não consigo esquecer...
fui a um funeral e parece que todos os outros que ficaram lá para trás na minha vida viram uma luz para voltarem à memória. imagens. sons. lágrimas. como que voltaram a ficar pegadas à pele... perguntas que nunca obtiveram resposta. dou por mim a passar a mão pelo cabelo, a tentar ocupar a mente com outras coisas. com o trabalho, com a lista das compras para a casa. mas parece que todas aquelas imagens que eu já quis esquecer...
fui a um funeral. e percebi que a maioria dos sorrisos se apaga ali, quando tudo acaba. e aquela dor que começa por não ser nada, acaba por nos cobrir, nos esconder e nos esmagar. primeiro não percebemos, depois a realidade vem ter connosco e, por último... tomamos conta. já não há mais olhares, não há mais palavras, não há mais gargalhadas em conjunto. e depois lembro-me... a verdade é que ver, ouvir, sentir... é melhor do que o desconhecido. é como se, lá no fundo, achássemos que ainda era possível que a pessoa nos sorrisse...
fui a um funeral. e eu, como em todos os funerais... senti uma tristeza...

domingo, 20 de abril de 2008

'kiss me, oh kiss me'

venho até aqui. não sei porquê. mas os dedos guiam-me até aqui. acho que venho aqui para pôr as ideias em ordem. ou para desordená-las de vez. porquê tentar? vai tudo dar sempre ao mesmo. a um sono povoado de caminhos torturosos à procura de respostas para o trabalho que continua pendurado no outro lado. às vezes sei que essas ideias flutuantes vão ser esquecidas por outros sons que entram devagarinho nos meus sonhos, me fazem abrir os olhos... à minha volta, a escuridão encobre-me, eu encolho-me e o silêncio enche-se... sei disto. e os truques do direito, da lei, das esquisitas interpretações que ando à procura para dar sentido a coisas que não entendo, com que não me conformo, ficam para trás... esse som e tudo o que vem com ele faz-me esquecer isso...
às vezes, quando acordo de manhã, ainda com tudo empatado na cabeça, as vidas de todos a entrarem, a saírem, a pesarem por ali penso que está tudo trocado na minha vida. será que, de repente trocámos as voltas à vida e outras coisas passaram a ser mais importantes que nós mesmos? que a nossa felicidade? porque é isso que importa na vida, não é? não andamos todos à procura da felicidade?
olho ao lado e só vejo letras. às vezes canso-me. das letras. das palavras sem sentido. dos textos cheios de mil e um significados que dão voltas e voltas para chegar a lado nenhum. às vezes canso-me de andar sempre a ligar e a desligar o computador, de escrever palavras amontoadas para no dia seguinte ligar outro computador e apagar essas mesmas palavras porque elas não têm o significado que eu pretendia. e o que é que eu pretendia?
volto às vidas... dos outros. não a minha. tenho de me aprontar. sair. ir para a minha casa. o meu cantinho, cheio de pinturas penduradas na parede. à minha volta é tudo silêncio... sem sons melodiosos. sem canções. por agora...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

'call me'

estou no meio da minha própria confusão de papéis. trabalho para fazer. prazos que correm. palavras que precisam de ser ditas mas que não saem. a pressão. o termo ali, à vista. o pânico e a adrenalina que eu bem conheço a aproximarem-se e a encherem-me, perigosamente. eu, a colocar os meus dedos em cima das teclas do computador e a tentar fazer fluir o texto. eu, a abanar a cabeça e a sorrir porque nada resulta. ao fundo, das colunas ao pé da colecção de cd's que impera na minha sala, sai a voz incontornável de Billy Corgan. sim, esse mesmo. e, nem assim, nem com toda a aceleração daquela música cheia de bateria, pratos e ritmos apressados, eu consigo escrever. não consigo fazer um texto objectivo, dizer as coisas que preciso que sejam ditas.
em cima da mesa, ao lado das velas que hoje não acendi, estão as folhas, com ideias perdidas, escritas sem nexo, sem ordem. livros de filosofia que ainda nem abri mas que pretendo ler. alguns cd's. papéis amarrotados. no fundo, uma verdadeira confusão de papel, papel, papel. é tarde. mas há coisas que, mesmo tarde, têm de ser feitas. volto a olhar para o que escrevi e acho que está demasiado confuso. apago todas as palavrinhas. mas depois não surgem outras e eu tenho de carregar nas teclas para rever o texto de novo. nova olhadela... se calhar não está assim tão mau como parece... com uns pequenos toques... aqui, ali. e voilá! pode ser que seja agora... apanho-lhe o ritmo por uns momentos. mas depois parece que tudo se esfuma. que as palavras me abandonam novamente e que a minha mente volta àquele momento inicial em que tudo é branquinho...
o telemóvel toca. aquele som inconfundível e melodioso da canção que escolhi e é aí que sorrio...