quarta-feira, 9 de abril de 2008

'call me'

estou no meio da minha própria confusão de papéis. trabalho para fazer. prazos que correm. palavras que precisam de ser ditas mas que não saem. a pressão. o termo ali, à vista. o pânico e a adrenalina que eu bem conheço a aproximarem-se e a encherem-me, perigosamente. eu, a colocar os meus dedos em cima das teclas do computador e a tentar fazer fluir o texto. eu, a abanar a cabeça e a sorrir porque nada resulta. ao fundo, das colunas ao pé da colecção de cd's que impera na minha sala, sai a voz incontornável de Billy Corgan. sim, esse mesmo. e, nem assim, nem com toda a aceleração daquela música cheia de bateria, pratos e ritmos apressados, eu consigo escrever. não consigo fazer um texto objectivo, dizer as coisas que preciso que sejam ditas.
em cima da mesa, ao lado das velas que hoje não acendi, estão as folhas, com ideias perdidas, escritas sem nexo, sem ordem. livros de filosofia que ainda nem abri mas que pretendo ler. alguns cd's. papéis amarrotados. no fundo, uma verdadeira confusão de papel, papel, papel. é tarde. mas há coisas que, mesmo tarde, têm de ser feitas. volto a olhar para o que escrevi e acho que está demasiado confuso. apago todas as palavrinhas. mas depois não surgem outras e eu tenho de carregar nas teclas para rever o texto de novo. nova olhadela... se calhar não está assim tão mau como parece... com uns pequenos toques... aqui, ali. e voilá! pode ser que seja agora... apanho-lhe o ritmo por uns momentos. mas depois parece que tudo se esfuma. que as palavras me abandonam novamente e que a minha mente volta àquele momento inicial em que tudo é branquinho...
o telemóvel toca. aquele som inconfundível e melodioso da canção que escolhi e é aí que sorrio...

Sem comentários: