terça-feira, 22 de abril de 2008

'black mirror'

fui a um funeral. particularmente não gosto de ir a funerais. nem mesmo quando são desconhecidos os que desaparecem. fazem-me lembrar os funerais que ficaram marcados na minha memória e que, por mais que eu queira não consigo esquecer...
fui a um funeral e parece que todos os outros que ficaram lá para trás na minha vida viram uma luz para voltarem à memória. imagens. sons. lágrimas. como que voltaram a ficar pegadas à pele... perguntas que nunca obtiveram resposta. dou por mim a passar a mão pelo cabelo, a tentar ocupar a mente com outras coisas. com o trabalho, com a lista das compras para a casa. mas parece que todas aquelas imagens que eu já quis esquecer...
fui a um funeral. e percebi que a maioria dos sorrisos se apaga ali, quando tudo acaba. e aquela dor que começa por não ser nada, acaba por nos cobrir, nos esconder e nos esmagar. primeiro não percebemos, depois a realidade vem ter connosco e, por último... tomamos conta. já não há mais olhares, não há mais palavras, não há mais gargalhadas em conjunto. e depois lembro-me... a verdade é que ver, ouvir, sentir... é melhor do que o desconhecido. é como se, lá no fundo, achássemos que ainda era possível que a pessoa nos sorrisse...
fui a um funeral. e eu, como em todos os funerais... senti uma tristeza...

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