segunda-feira, 24 de março de 2008

'os meninos de huambo'

'Os meninos à volta da fogueira / Vão aprender coisas de sonho e de verdade / Vão aprender como se ganha uma bandeira / Vão saber o que custou a liberdade'

foi isso que senti. um voltar à escola. todos em volta da fogueira a esticar as mãos. a ver as mãos dos outros também esticadas em direcção ao fogo que arde. é como o poema de luís de camões... 'amor é fogo que arde sem se ver'. mas aqui o que procuramos, todos na rodinha, com as nossas mãos estendidas para o fogo, é aquecer as mãos.
lá fora, o frio espalha-se. cobre cada metro da rua, da parede coberta de musgo, das janelas dos carros. o gelo espalha-se. a chuva cai, depois o granizo, finalmente a neve. nós continuamos com as mãos estendidas, os pés estendidos, bem apertadinhos na nossa rodinha, a tentar não deixar entrar o frio que lá fora espreita. tenho vontade de cantar os 'meninos à volta da fogueira', mas só consigo rir. mas rir de quê? do quê? só se for da vida. do tempo. rir por rir, acho. ou rir porque não há razão para chorar. ou rir simplesmente.
estendo as mãos. vou virando-as como se fossem frangos no espeto. continuam frias. diz o ditado 'mãos frias, coração quente'. será??

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