quinta-feira, 15 de abril de 2010

'everytime i try', spain



foi ao som desta música que regressei. sentado ao volante, a fazer toda a marginal. já a noite começava a cair, mas a marginal continua a ser um lugar lindíssimo para se passear mesmo quando a noite já caiu e não se consegue distinguir a imensidão do mar e a do céu. pelo caminho ainda vim a sentir o gosto do risotto de limão com vieiras que tinha acabado de provar. já do champagne rosé... isso já tinha passado. mas já tinha passado quase mesmo depois de o ter provado, por isso... o mais provável é que àquela altura não houvesse paladar que ainda resistisse.
foi ao som desta música que regressei a casa após mais uma ida ao 'peixe em lisboa', uma verdadeira 'gourmandice', como diria uma pessoa que eu conheço. a verdade, é que inexiste outra palavra que se adapte melhor ao festival, ao conteúdo, a tudo.
foi uma verdadeira surpresa, isto do 'peixe em lisboa'. por um lado, não sabia ao que estava a ir realmente, porque nenhuma das notícias da imprensa que li me preparou para tudo e, por outro lado, porque realmente tem um encanto que não se consegue alcançar, nem indo aos restaurantes em que os chefes fazem os seus malabarismos.

bem, mas passemos ao que interessa. tudo começa debaixo da pala, sem quaisquer filas, pegar no programa, para uma orientação escrita e delinear o que se vai fazer e a que horas e onde temos de estar. depois, entramos no labirinto até chegar à moça simpática que vende bilhetes. um, dois, por favor. os bilhetes têm ar de bilhetes de concertos no pavilhão atlântico mas só têm lá escrito 'peixe em lisboa'. depois a explicação: 'na compra do bilhete tem oferta de um copo, de €5 para uma degustação e €1,5 para uma bebida'. e lá vem o copo e as 'bolachas' de papel colocadas em cima do bilhete. arruma tudo na carteira - com excepção do copo que não cabe e por nunca se saber onde ele é preciso - que é para ver se nada se perde, mostrar o bilhete à entrada e cá vamos nós à descoberta...
a primeira sala é dedicada ao vinho. vários produtores de vinho têm ali em exposição as suas garrafitas. produtos novos, produtos já conhecidos de todos. há de tudo. para vender também. o problema prende-se precisamente com o facto de se ter tanta opção e ser a primeira sala. eu, particularmente, com o estômago meio vazio,achei que era melhor conter-me e acabei apenas por experimentar um branco da quinta de s. francisco, que não conhecia e que, além do mais, estava fresco! e, num dia de calor, o que pode ser melhor senão frescura a refrescar-nos por dentro?
daí, parti à descoberta da segunda sala. e nesta sala encontramos de tudo. doces, gelados, salgados, azeite e até uma bancada de peixe fresco. além de uma banquinha onde se podem adquirir produtos para abrir garrafas de vinho, tirar os caroços de mangas e outros que as pessoas de hoje em dia se lembram de inventar para facilitar a nossa vida.
alguns cartões a mais na carteira e uma garrafa de ginginha colocada à força, e toca a passar para a sala seguinte. aí sim, as 'barraquinhas' de cada um dos chefes, devidamente acompanhadas das indicações dos restaurantes onde fazem a sua magia, acompanhadas de um amplo espaço cheio de mesas e cadeiras com um ar convidativo. uma primeira vista, um inspirar para sentir uma série de odores e um... 'vamos ver o resto!'. sobe-se então a um primeiro andar igual. mas, aqui existe uma varanda e o sol está mesmo convidativo a uma pausa. é aí que outro copo de vinho soa bem. novo branco. fresco, que o tempo apenas convida a vinhos brancos. e, não há quem resista a um cadeirão vazio...



alguns minutos depois, certo é que o estômago dá sinal e... a pergunta aparece: 'se calhar comia-se qualquer coisinha?' e aí, desço ao primeiro andar. quero confirmar o porquê da estrela michelin do josé avillez. e, pronto, confirmei, aprovei e gostei imenso! de entre a lista escolhi um pudim de bacalhau com mais alguns condimentos e creme de azeitonas. obviamente que, nestes festivais os chefes não se põem a cozinhar aquelas coisas todas que fazem nos seus restaurantes... o que se quer aqui são coisas simples, saborosas, de preferência frescas, que a isso o tempo começa a pedir, as quais obrigatoriamente tenham peixe. no entanto, a verdade é que os chefes vão sempre mais longe e os peixes que se veêm colocados nos pratos passam muito pelo bacalhau e pelas vieiras. mas, voltemos ao pudim... uma garfada, duas. encosto-me atrás no cadeirão. maravilha! um golo de vinho, tinto, por sugestão e... o pensamento... 'a vida é muito complicada...'.
depois do pudim, experimentei uns rolinhos de linguado com um arroz fabuloso, com um sabor peculiar (o que seria? a memória já não é o que era e o queijo também não ajuda nada!). foi um prato mais normal, da cozinheira justa nobre. e, para findar, nada como comer um sushi num barquinho, feito pelo paulo morais, conhecido por todos como o melhor'sushiman' português. ora, sushi é sushi e, por isso, apesar de todas as inovações que se possam introduzir, será sempre sushi... só tive pena que o molho de soja fosse tão pouco...!
acabou-se o vinho, o sushi e a noite começou a arrefecer... vesti o casaco e pensei... se calhar é melhor ir andando... foi assim que vim embora. com o sabor na boca da 'gourmandice' e da arte dos outros...

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora muito bem, temos não uma crónica gastronómica, mas sim uma "composição" sobre um fim de tarde diferente... :-D

A ver vamos se sai algo melhor, para a próxima!

Anónimo disse...

Gostei da mudança de visual! Daniela