'it ain't over 'til it's over'

espero cinco, dez minutos, mas o telemóvel permanece em silêncio. não há toques, não há mensagens, não há telefonemas. mexo no cabelo. é um hábito que eu criei. acho que às vezes as mãos não sabem onde devem ficar e acabam por mexer no cabelo. outras vezes acho que é o nervoso. mas já nem sei bem. há coisas que fazemos sem termos noção de que as fazemos. como estas palavras... sei que nenhuma faz sentido mas, mesmo assim, antes de sair para a minha festa de fim de ano, vim aqui escrevê-las... faz sentido?
faço um sorriso. inspiro, expiro. dou comigo a tentar escrever sem pensar. a deixar levar os dedos. sem que a alma escreva primeiro as coisas... mas nem isso consigo! parece que as palavras dentro da minha cabeça sempre se adiantam... e depois páram. e depois voltam. e depois esquecem-se. e depois faço novo sorriso, puxo novamente o cabelo para trás com as mãos e vejo que o dia lá fora começa a partir, devagarinho... novo sorriso. nem sei bem porquê... apeteceu-me. acho que também é um hábito. de sorrir sem razão ou de rir de mim mesma... olho as horas e penso nas coisas que tenho de fazer... acho que está na hora de me preparar... e já que as palavras também já se perderam por aí... desejo a todos um super fantástico 2008!!!!

'love is dead'

será que o amor morreu? será que matámos o amor com as nossas mesquinhices? as nossas dúvidas incessantes? será que o matámos só por acharmos que o amor, ao contrário do que nos diziam, não dura para sempre? será que o amor morreu, como diz a canção?
sorrio. não sei viver sem amor. não sei viver sem me sentir apaixonada. como se, sem paixão, a vida perdesse um ingrediente e deixasse de ser vida para passar a ser apenas e tão só uma mera sombra dela mesma.
será que o amor morreu? será que, de repente, nos tornámos todos demasiado individualistas para vermos quem passa por nós? será que...
não sei se o amor morreu... mas será que a vida não deixa de ter aquele sabor especial sem ele?

'last christmas'

o 'last christmas' a tocar aos ouvidos, a relembrar a infância que ficou lá para trás, o filme ' música no coração' a passar na televisão (sim, finalmente parece que é natal!!!), os doces que ficaram a atolar o frigorífico... será que de repente perdi o espírito natalício? será que de repente deixaram de ter piada todas aquelas bolinhas penduradas na árvore, os anjinhos espalhados por todo o lado, a procura do presente mais original... será que perdi, algures, o espírito? às vezes acho que sim...
faço um sorriso... acho que as coisas seriam bem mais simples quando era criança... quando ainda me ria a ouvir este 'last christmas' e que exclamava um 'outra vez?', quando a 'música no coração' dava pela milonésima vez na televisão... acho que sinto falta dos pequenos pormenores que faziam do natal uma época especial... da procura da árvore de natal, da apanha do musgo para o presépio, do manter os olhos abertos até à meia-noite, das pequenas peças que eu e a minha irmã ensaiávamos e obrigávamos a família toda a ver... tudo era divertido... agora, crescemos todos... a minha irmã já tem os seus filhos, que começam a dar os seus primeiros passos, mas o natal deixou de ter aquele cheiro a caruma e a lenha a arder na lareira...
o 'last christmas' tocou este natal... uma recordação feliz... uma lembrança. não pude ficar parada... até porque as crianças não paravam de me chamar... sou sempre boa para as asneiras e para as danças malucas. mas não interessa. é natal, não é? e cada um tem direito a fazer o que quiser... ainda que seja ouvir repetidamente o 'last christmas' e rever o 'música no coração', quando já se conhecem as frases de cor, quando se cantam as músicas de trás para a frente e se sorri ao ver alguns dos sítios onde efectivamente já estive.
e assim termina o natal... mantêm-se as árvores nos seus lugares, cheias de luzes, bolas e estrelas prateadas. ficam os sorrisos... e os sonhos... e depois? é dar uma gargalhada e pensar no ano novo!!!!! e esperar... que a realidade encontre, finalmente, os sonhos...

'waiting on the world to change'

não estou à espera que o mundo mude. não estou à espera de mudar o mundo. não estou à espera de nada. já nem do que eu estava à espera eu estou à espera. é a espera que adormece o mundo, que lhe entorpece a razão, os sentimentos e o caminho.
não estou à espera que o mundo mude. acho que o mundo não vai mudar. acho que o mundo não vai mudar. acho que as pessoas são demasiado preguiçosas para mudarem o mundo, para quererem mudar o mundo. eu também já me acomodei. já não tenho paciência para o mundo (e será que o mundo tem paciência para mim?). já não tenho paciência para muitas pessoas. já não tenho paciência para as pessoas em geral... e será que devia fazer alguma coisa? talvez mudar o mundo? nãaaaaa! acho que vou ficar aqui... ou por aqui... nem sei. logo se vê!! amanhã também é dia. e eu não vou lá a lado nenhum. quer o mundo mude, quer não.

'fistful of love'

'i was lying in my bed last night

staring

at a ceiling full of stars

when it suddenly hit me

i just have to let you know

how i feel'

fecho o computador, fecho os olhos, fecho a porta, fecho as janelas, fecho as cortinas. fecho tudo. fecho a minha vida para obras, para balanço, para pensar, para o que quer que seja. esqueço que tu existes. mas não consigo. parece que todas as pequenas coisas me conduzem ali, aqui, acolá. todas as pequenas coisas conduzem-me a ti. irrito-me, chateio-me, penso em fazer uma fita descomunal, em desatar a chorar e bater o pé no chão. sei que os olhos ficaram baços, que o sorriso se expirou, que a gargalhada não sai e que quase que a minha vida ficou presa por um fio bem fininho...

abro o computador. abro o e-mail. abro os olhos. ligo a música. de repente a voz de Lou Reed... também estou a olhar o céu recheado de estrelas. será que tenho de te dizer o que sinto? será que ainda preciso de te dizer? prefiro olhar-te nos olhos... pode ser que percebas... 'how i feel'.

'love will tear us apart'

dou três passos. digo para mim mesma que vai correr tudo bem. vai correr tudo bem. e será que vai correr tudo bem? será que tu vais dar o passo que falta? ou será que eu vou ficar à espera... na incerteza... sem saber muito bem se hei-de avançar mais um bocadinho ou se parar e voltar atrás?
dou mais um passo. mas não é firme. é a medo. não sei que te diga ou não te diga. não sei, simplesmente. sim, é receio. que isto possa mudar. que tudo possa mudar com palavras a mais... com as minhas palavras a mais. por isso permaneço no silêncio... à tua espera... mas cá por dentro... chamo por ti...